domingo, 10 de janeiro de 2016

🌺MORTALHA NAS ONDAS DO MAR ♥ ✿


MORTALHA NAS ONDAS DO MAR
I
O mar de mortalha, embalada por gemidos
Que rasgas a carne de uma dor, dilacerante
Embalsas, todas as dores, entre murmúrios
Desfalece, misteriosamente num total afligir
II
Martírio transfigurado já pela sua angústia
Sombra das noites pesadas de tanta agonia
De tanto pavor da morte, desaparecia longe
Madrugada desses pensamentos impacientes
III
Os corvos voavam ao seu redor já famintos
Enroscados a sua negra fria mortalha de dor
Desespero, na agonia da carne que se dilacera
Entre gemidos de chagas abertas sangue podre
IV
No chão que a carne se rasga, que se despedaça
Soberbo sol, assombro das lágrimas recalcadas
Dolorosa alma torcida num espasmo de angústia
Amargamente numa aflitiva treva de dilaceramento
V
O mar observara tudo, descida subterrâneos fatais
Era uma mortalha para tantos homens um túmulo
Criptas infernais onde trémula derrama a sonolenta
Claridade de augúrios medonhos, indefiníveis sem
VI
Nomes nos túmulos tapados pelas ondas do mar contemplativo.


4 comentários:

  1. Cada um de nós carrega uma dor no íntimo ou ainda a morte!
    Um poema intenso! Beijos

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  2. Um poema com variadas sensações intensas e mórbidas.
    A vida inclui viver e sofrer.
    A morte multiplicada com a cedência do corpo e da libertação da alma.
    Morrer sem deixar o triste despojo da carne na mortalha dos gemidos do mar.

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  3. Profundo! Sentido! É a morte Maria!

    Carpe diem

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